terça-feira, 10 de maio de 2016

Superproteger é um tiro no pé!

Dia das mães e aniversário do meu pai. Família italiana falando muito no restaurante. Aí, de repente, a dona do estabelecimento – uma senhorinha de 80 anos – chega e troca os garfos e facas da minha filha e da minha sobrinha por colheres.... Porque era perigoso.
Sei que foi por boa vontade, mas não é meio de mais? Minha filha está aprendendo a usar a faca e minha sobrinha já usa os talheres juntos há uns 2 anos.... Não estamos superprotegendo nossas crianças, tornando-as sem iniciativa?

Capacetes, joelheiras e cotoveleiras para andar de bicicleta.... Tudo bem se é uma competição, saltos, ou na ciclovia, no meio do trânsito... Mas, na bicicleta com rodinhas, em um parque com grama... Só o capacete já funciona, não é?

Cair, ralar o joelho no futebol, bater a cabeça e ganhar um galo...  Faz parte! Aprender a segurar copos de vidro e quebra-los também. Ou teremos uma geração que vai brindar a formatura com Moet Chandon em copos de plástico?

Entendam, não sou contra a supervisão e sim contra a superproteção. Claro que não vamos deixar crianças correndo pelas ruas cheias de carro, ou com facas de ponta nas mãos, perto de fornos quentes, mas temos de ser razoáveis...

Sou a favor da cadeirinha no carro, assim como do cinto de segurança, afinal vi a diferença na morbi-mortalidade dos acidentes de trânsito; mas não dá para evitar os pequenos acidentes da vida.

Nas festinhas infantis minha filha é a única descalça, as outras crianças estão com meias com cobertura antiaderente... para que? Em um bufê infantil? A meia pode ser maior fator de acidentes do que não as ter. (Esses antiderrapantes não funcionam...)

Uma análise de 70 estudos sobre bulying observou que crianças superprotegidas tem uma chance acentuada de serem vítimas desse tipo de mau trato. De acordo com autores, essas crianças podem não desenvolver qualidades como autonomia e autoafirmação, sendo, portanto, alvos fáceis para os agressores. E geralmente a superproteção se associa ao excesso de cobranças, que por outro lado, pode tornar a criança mais fria e propensa a descontar suas ansiedades em outras crianças.

 O livro Teimosinha, de Fabrício Campinejar, descreve exatamente como essas crianças vítimas do excesso de proteção e ansiedade dos pais sofrem, e sofrem sozinhas. Vale à pena ler.

Dar liberdade é demonstrar confiança na criança, nas suas habilidades e suas conquistas. Isso está impactando a chamada geração Y! Artigos mostram que os executivos mais novos não estão sendo capazes de sobreviver no mundo corporativo.



Eu sou suspeita para falar... engessei, na infância, todos os membros... Era uma pestinha, mas me lembro de subir em árvores, muros, andar de skate e ralar no cimento da calçada. 

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