Dia das mães e aniversário do meu pai. Família italiana
falando muito no restaurante. Aí, de repente, a dona do estabelecimento – uma senhorinha
de 80 anos – chega e troca os garfos e facas da minha filha e da minha sobrinha
por colheres.... Porque era perigoso.
Sei que foi por boa vontade, mas não é meio de mais? Minha
filha está aprendendo a usar a faca e minha sobrinha já usa os talheres juntos
há uns 2 anos.... Não estamos superprotegendo nossas crianças, tornando-as sem
iniciativa?
Capacetes, joelheiras e cotoveleiras para andar de bicicleta....
Tudo bem se é uma competição, saltos, ou na ciclovia, no meio do trânsito... Mas,
na bicicleta com rodinhas, em um parque com grama... Só o capacete já funciona,
não é?
Cair, ralar o joelho no futebol, bater a cabeça e ganhar um
galo... Faz parte! Aprender a segurar
copos de vidro e quebra-los também. Ou teremos uma geração que vai brindar a
formatura com Moet Chandon em copos de plástico?
Entendam, não sou contra a supervisão e sim contra a
superproteção. Claro que não vamos deixar crianças correndo pelas ruas cheias
de carro, ou com facas de ponta nas mãos, perto de fornos quentes, mas temos de
ser razoáveis...
Sou a favor da cadeirinha no carro, assim como do cinto de
segurança, afinal vi a diferença na morbi-mortalidade dos acidentes de
trânsito; mas não dá para evitar os pequenos acidentes da vida.
Nas festinhas infantis minha filha é a única descalça, as
outras crianças estão com meias com cobertura antiaderente... para que? Em um
bufê infantil? A meia pode ser maior fator de acidentes do que não as ter. (Esses
antiderrapantes não funcionam...)
Uma análise de 70
estudos sobre bulying observou que crianças superprotegidas tem uma chance
acentuada de serem vítimas desse tipo de mau trato. De acordo com autores, essas
crianças podem não desenvolver qualidades como autonomia e autoafirmação,
sendo, portanto, alvos fáceis para os agressores. E geralmente a superproteção se
associa ao excesso de cobranças, que por outro lado, pode tornar a criança mais
fria e propensa a descontar suas ansiedades em outras crianças.
O livro Teimosinha, de
Fabrício Campinejar, descreve exatamente como essas crianças vítimas do
excesso de proteção e ansiedade dos pais sofrem, e sofrem sozinhas. Vale à pena ler.
Dar liberdade é demonstrar confiança na criança, nas suas
habilidades e suas conquistas. Isso está impactando a chamada geração Y!
Artigos mostram que os executivos mais novos não estão sendo capazes de
sobreviver no mundo corporativo.
Eu sou suspeita para falar... engessei, na infância, todos
os membros... Era uma pestinha, mas me lembro de subir em árvores, muros, andar
de skate e ralar no cimento da calçada.