sábado, 14 de novembro de 2015

Tragédias: Quando tudo parece irreal... como explicar às crianças?

Quando tudo parece irreal... como explicar às crianças?

Mariana... Paris... Mortes nos noticiários e descrição de tragédias! Se nós adultos não conseguimos entender, como explicar às crianças?
Minha filha é pequena, ainda entende pouco; mas se fosse uns 2-3 anos mais velha, o que eu poderia dizer? pensei muito e chorei um bocado, mas busquei algumas respostas, com psicólogos e com o aprendizado do passado.
Lembre-se que tragédias sempre aconteceram desde que o mundo é mundo, e sempre nós - em qualquer idade - tivemos de conviver com elas!

1º Não fuja do assunto

Se a criança viu, ou ouviu, sobre a tragédia ela vai querer saber mais, perguntar, entender... Não fuja, mesmo que tenha de responder "eu também não sei porque...", mas deixe a criança se expressar

2º Não minta

Nunca faça de conta que nada aconteceu, especialmente se a tragédia impacta a vida da criança (imagine uma criança de Mariana hoje...), isso só vai diminuir a confiança que seu (sua) filho (a) tem em você

3º Tente controlar as suas emoções e sua língua!

Frente ás tragédias tentamos extravasar falando... xingando o "vilão", questionando Deus e suas decisões, desejando mal "aos causadores"... E quantas vezes esquecemos que as crianças estão em volta? E quando nos damos conta pensamos "eles não entendem ainda". MENTIRA!
Eles entendem, eles absorvem e eles reproduzem o que aprendem conosco.
Lembre-se que você não está sozinho (a) e controle-se. Provavelmente tudo que você diria naquele momento, algumas horas ou dias depois você mesmo (a) não concordaria. Ter filho (a) é antecipar essa reflexão. 
Não só nas tragédias, mas na hora de comentar a roupa da amiga, o comportamento da vizinha, ou a educação que a (o) amiguinha (o) da sua (seu) filho (a) recebe...
é dessa forma que as crianças reproduzem frases como: "negros quando não defecam na entrada, defecam na saída" (máxima, traduzida de forma educada, da minha avó... que era mulata!) ou "meninos não choram", "rosa é de menina", "carrinho é de menino".
Quantas vezes vejo os pais se questionarem: "De onde ele (ela) tirou isso?" e não se enxergando!

4º Ressalte as atitudes heroicas, que sempre existem!

 Mostre o bombeiro salvando animais em Mariana e ressalte que todos merecem carinho e salvação! Mostre os voluntários acolhendo os desabrigados. Separe roupas e/ou comida e leve com a criança para doar para as vítimas. 
Mostre que a solidariedade pode ser a chave para diminuir o sofrimento.

5º Nunca culpe alguém, alguma crença ou posição política/filosófica

Aproveite para explicar ao seu (sua) filho (a) que em todas as sociedades, grupos religiosos e etc, há gente boa e gente que "não é tão legal", independente de onde moram, roupa que usam, quanto tem de dinheiro ou que igreja/religião frequentam. 
Não faça de uma tragédia outra: a criação de preconceito no coração e mente do (a) seu (sua) filho (a). 

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