Então é melhor entender o que é virose e porque elas, na grande maioria das vezes, não precisam de "remédios"
Virose é o nome genérico de qualquer doenças causadas por vírus.
Qualquer vírus. O sincicial respiratório (responsável por bronquiolites), o influenza (gripe), o rotavírus (diarreia), o varicela zoster (catapora), sarampo, o da dengue, o da imunodeficiência humana (famoso HIV, responsável pela AIDS), herpes (da gengivoestomatite, aquela que enche a boquinha do bebê de aftas e é acompanhada de febre bem alta) só para começar...
O grande problema é que antes de termos capacidade técnica para nomear cada um dos vírus e as doenças que eles causam, nós pediatras, sempre usamos o "guarda-chuva" da expressão virose para qualquer febre, sem outros sintomas associados. Assim, vulgarizamos uma expressão e criamos um monstro!
A maior parte das infecções, sejam causadas por vírus ou bactérias, se manifestam através da febre, e apenas depois de 24 a 72 horas, outros sinais e sintomas aparecem; nos permitindo diagnosticar o problema.
Como calcular as 72 horas?
Se a febre começou as 8 horas do sábado esta é a hora zero, e dia zero. Às 8 horas da manhã de domingo, completa as primeiras 24 horas, e o primeiro dia. Na segunda-feira às 8 horas, temos 48 horas, o segundo dia. E na terça-feira se após às 8 horas a febre persistir, ligue para o seu/sua pediatra e pergunte se ele (a) pode atender seu/sua filho (a) e se não aonde levá-lo (a)
Nossas avós sabiam disso e enfrentavam a situação sem dramas.
Mas, desde que começamos a usar medicamentos (mais especificamente antibióticos) criamos uma sociedade que deseja, com todas as forças, ter "remédio" para todas as coisas. E logicamente, "remédios" seguros, sem nenhum evento adverso e que ajam rapidamente!
Ah, só mais um parênteses: antibióticos são contra bactérias e não agem contra vírus, quando precisamos tratar alguma virose usamos antivirais!
Então os pais levam à criança febril ao pronto socorro, logo nas primeiras horas, e exigem diagnóstico e tratamento. Imediatamente!
E se o "incompetente" do (a) médico (a) não pedir radiografia e/ou outros exames, e pedir para que esperem as famosas 72 horas... Ele (a) não presta!
Mas temos de ter esta paciência para ver o que vem pela frente: vômitos e diarreia? obstrução nasal, tosse, chiado? coceira e lesões na pele?
Entenda que, eventualmente, podem aparecer sinais e sintomas de infecções bacterianas (otites, amigdalites, por exemplo) e antibióticos devem ser usados porque contra as bactérias raramente nosso organismo consegue responder sem ajuda ou sem prejudicar a nossa saúde de forma importante. E, não, não é culpa do (a) pediatra!
Como resolver a questão?
1- Vacinação: doenças que podem ser evitáveis, devem ser evitadas! Clique aqui para conhecer o calendário vacinal adequado, segundo as sociedades de pediatria.
2- Capriche na Educação Alimentar, na prática e exercícios físicos e em ficar ao ar livre. Crianças que tem uma alimentação saudável, praticam esportes e são expostos a luz solar e vento são mais resistentes às doenças. (Sei que é lugar comum, mas não custa lembrar).
3- No invernos, época em que as infecções respiratórias transmitidas por via respiratória (gripes, resfriados, etc), mantenha as janelas ABERTAS e o ambiente ventilado; isso reduz o risco de ganhar uma infecção.
4- Calma e paciência. Raras crianças vão passar pela infância sem resfriado, diarreia (tecnicamente gastroenterite), e a famosa gengivoestomatite.
5 - Logo na primeira visita com o (a) seu/sua pediatra acorde com o (a) profissional: o que fazer quando a criança apresentar febre? quando entrar em contato com ele (a) e assim por diante (veja o post sobre febre ). Assim a família estará preparada para esse momento, sem precisar transformar isso em crise, drama e ópera.
6- O mais importante neste período de espera e resolução não é comer! É beber! A criança vai perder a fome e ficar mais "chatinha", ninguém morre nesses 7-10 dias comendo pouco. Pode até perder um pouco de peso, mas esse será recuperado rapidamente. Mas sem líquidos acontece a desidratação, e essa pode ser rapidamente fatal. Ofereçam líquidos frequentemente e insistam no consumo deles.
(Em tempo: refrigerantes não são um dos líquidos que devam ser oferecidos. Vejam que dado horrível do IBGE no Brasil uma a cada três toma refrigerante antes dos 3 anos de idade. Leiam e entendam o tamanho do problema))
7- Não tenha medo de perguntar qualquer coisa ao seu/sua pediatra. Faça isso antes de tomar qualquer conduta (dar remédios, mudar alimentação...). Essa é a função dele (a) e foi por isso que ele (a) escolheram esta profissão.
"Nossa" querida pediatra recomenda as 72h. O difícil é manter a calma e o sangue frio do bebê de fralda no frio e tremendo quando a febre baixa. Mas tirando isso, o resto é fichinha para o coração de mãe!
ResponderExcluirSe todos os pediatras tratassem com essa segurança e simplicidade, amenizariam a angustia das mamães, convenhamos, não ser fácil.
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